Street dance – a dança de rua que está virando mania
Corpo
inteiro em movimento, improvisação de passos que também podem ser marcados e
ensaiados, o importante é ter muito sincronismo, gestos fortes e bruscos,
agressivos e acrobáticos, uma forma de expressão cultural negra e latina.
Quem já viu em
algum momento essa cena numa rua qualquer, sabe o quanto o ritmo é contagiante.
Em Passos, ela está ganhando muitos adeptos.
A “street dance” – dança de rua não teria outro cenário esperado.
Presente nas ruas, nos guetos americanos, sua história foi marcada por
manifestações dos negros americanos que reivindicavam os direitos civis na
década de 60. Assim deu- se a sua popularização no mundo. Portanto, uma dança
que começou buscando outros caminhos para a vida.
Entretanto,
antes de ir para as ruas, ela nasceu mesmo foi nos cabarés, bem lá atrás, nos anos 20. Só depois, então, foi levada às
ruas. Revolucionária, eram em formas de “batalhas’’ ou o free stlyle, (estilo
livre), que as gangues rivais de Nova York da época resolviam suas desavenças.
Em vez de tiros e mortes, os conflitos eram resolvidos através de “ rachas”
(disputas) nas rodas de breaks. Enfim, ela retratava o conflito entre
bairros.Hoje ela já é bem vista pela
sociedade como uma nova dança trazida das ruas para os palcos de todo mundo.
Assim, é muito comum as cantoras pop introduzir o estilo da “street” em suas
coreografias e shows.
Bom saber que
a dança de rua é um dos estilos do hip-hop, assim como o rap é o estilo musical
que embala os “street dancers”, com suas batidas fortes e marcantes. O hip- hop tem sua característica na
resistência da luta social, expressado em quatros elementos, o grafite ( a arte
de rua, através de pinturas) o mc (o cantor ou rapper), a música e a dança. Os quatro elementos
abrangem vários estilos, sendo um deles, o break, que foi aderido pelo rei do
pop Michael Jackson.
O pioneiro
Luciano
Batista, 30, professor de street dance, foi o primeiro a trazer esse estilo a
Passos. “A street dance tem movimentos sincronizados, uma união de elementos e
se baseia em improvisos. Entretanto, a todo instante está mudando”, esclarece o
professor, lembrando que a “street” é a única que mistura várias estilos em um
só, por isso depende muito da criatividade de quem dança.
Quanto a aceitação
do público, o professor lembra ainda que, no começo, ele sofria muito
preconceito, pelo fato da street ser uma dança de rua, mas que hoje em dia isso
não existe tanto, está acabando. “Somos diamantes lapidados pelo preconceito
através do talento”, arremata o professor.
Vinda
da rua, a raiz da street dance tem se fortalecido cada vez mais. Hoje é muito
comum ela se aderir a causas sociais e ong´s que atuam em bairros pobres
brasileiros, como as que tiram meninos das ruas , mostrando a eles um caminho
ainda não visto. Dessa forma, para muitos, ela é uma dança que faz bem.
“A street dance me trouxe milhares de benefícios, se eu não
estivesse no mundo da dança poderia estar fazendo várias coisas erradas ou
ruins”, salienta Walker Menezes Fonseca Vieira, 18 anos, estudante e street
dancer.
Para Jadson de
Oliveira Ribeiro, 19 anos, também street dancer, “a dança lhe trouxe amigos, parceiros, muitas alegrias e
prazer. “Eu vejo a dança como um trabalho agradável em equipe”, explica.
Já o professor
Luciano vai além. Diz que ensinar a street dance, ocupa sua mente, com coisas
boas. “Ela me leva a outros mundos, é universal. Onde tem musica tem alma, tem
sentimento e faz bem a saúde”, conclui.
Das ruas às escolas
Várias escolas de dança no Brasi
já aderiram à street dance como uma dança essencial nas academias. Para muitos
a dança se comercializou, porém trouxe benefícios não só pra quem dança mas
para quem ensina também. Hoje, existem campeonatos do gênero espalhados por
todo Brasil, com patrocínios e incentivos de empresários. Existem até
premiações em dinheiro, isso só tem a fortalecer a street e a tendência é essa modalidade crescer.
“Nasci na rua
e com a dança aprendi a ser um cidadão.
A periferia é
um gás para dança, pois começa nela depois expande. Quem tem mais dinheiro,
ajuda ela crescer”, opina Gleison Silva dos Reis, conhecido como Jay, 35,
rapper.
No Brasil,
acredita-se que existem cerca de quarenta grupos profissionais; um deles é o
Balé de Rua Uberlândia – MG que já foi dirigido pelo professor de dança e coreógrafo Ilídio César Silva, da escola Passos de dança. Para Ele, cada estilo de
dança tem características próprias, mas com elementos em comum. “Dentro de cada
estilo existem especificidades próprias, a grande diferença é como você vai
desenhar seu corpo no espaço” ensina Ilídio, ponderando que acredita que exista
um intercâmbio entre as danças do street dance ao balé clássico.
A street dance
tem se popularizado no Brasil, um exemplo disso é o trabalho do Centro
Educacional e de Convivência (CEC) “Francisco Coriolano de Souza”, de São
Caetano do Sul, grande São Paulo que promove aula aberta de dança de rua para
os idosos. Para Paulo Rosa, presidente do CEC, “a intenção é que o idoso se
mantenha ativo e inserido na sociedade.
Na Fesp existe a Unabem - Universidade Aberta para a Maturidade que também promove aulas de danças para idosos. Apesar de não ser aulas de street dance, também é um passo grande na socialização no idoso.
Na Fesp existe a Unabem - Universidade Aberta para a Maturidade que também promove aulas de danças para idosos. Apesar de não ser aulas de street dance, também é um passo grande na socialização no idoso.
Segundo o
professor de dança, Alex Sanders José Andrade, 27, “para dançar não tem que ter faixa etária
para praticar a dança. Ela é para todos,
e traz muitos benefícios para a vida dos idosos. Sobretudo se pensarmos
que a dança é uma linguagem de todos em qualquer idade.
Conforme
Ilídio Silva, “nós já nascemos dançando, uma vez que qualquer bebezinho balança
o corpo, sacode os bracinhos e as mãos, se a gente coloca uma música ou um
certo ritmo perto dele. “Isso nos mostra então, que a dança é pra qualquer
pessoa, de qualquer idade, aliás todo mundo pode e deve dançar” aconselha o
professor.
A
popularização da street tem sido crescente. Hoje em dia até em aniversário é
muito comum contratar street dancers para animar a festa. Em Curitiba, Paraná,
pode-se contratar professores desse estilo de dança por telefone ou através de e- mail. São
dançarinos que atuam em academias e que têm bastante experiência nesse estilo.
Durante a festa, eles ensinam também a dançar e montam coreografias na hora
para os convidados menos experientes.
Rodrigo Castanho
Fotos: Matheus aluno de publidade / Fesp
Matéria que saiu no
jornal Folha da Manhã de Passos MG 1/11/2009 e também no site:
Nenhum comentário:
Postar um comentário