quarta-feira, 14 de março de 2012

Street dance


            Street dance – a dança de rua que está virando mania

  Corpo inteiro em movimento, improvisação de passos que também podem ser marcados e ensaiados, o importante é ter muito sincronismo, gestos fortes e bruscos, agressivos e acrobáticos, uma forma de expressão cultural negra e latina.
Quem já viu em algum momento essa cena numa rua qualquer, sabe o quanto o ritmo é contagiante. Em Passos, ela está ganhando muitos adeptos.  A “street dance” – dança de rua não teria outro cenário esperado. Presente nas ruas, nos guetos americanos, sua história foi marcada por manifestações dos negros americanos que reivindicavam os direitos civis na década de 60. Assim deu- se a sua popularização no mundo. Portanto, uma dança que começou buscando outros caminhos para a vida.
Entretanto, antes de ir para as ruas, ela nasceu mesmo foi nos cabarés, bem lá atrás,  nos anos 20. Só depois, então, foi levada às ruas. Revolucionária, eram em formas de “batalhas’’ ou o free stlyle, (estilo livre), que as gangues rivais de Nova York da época resolviam suas desavenças. Em vez de tiros e mortes, os conflitos eram resolvidos através de “ rachas” (disputas) nas rodas de breaks. Enfim, ela retratava o conflito entre bairros.Hoje ela  já é bem vista pela sociedade como uma nova dança trazida das ruas para os palcos de todo mundo. Assim, é muito comum as cantoras pop introduzir o estilo da “street” em suas coreografias e shows.
Bom saber que a dança de rua é um dos estilos do hip-hop, assim como o rap é o estilo musical que embala os “street dancers”, com suas batidas fortes e marcantes.  O hip- hop tem sua característica na resistência da luta social, expressado em quatros elementos, o grafite ( a arte de rua, através de pinturas) o mc (o cantor ou rapper),   a música e a dança. Os quatro elementos abrangem vários estilos, sendo um deles, o break, que foi aderido pelo rei do pop Michael Jackson.


            O pioneiro

Luciano Batista, 30, professor de street dance, foi o primeiro a trazer esse estilo a Passos. “A street dance tem movimentos sincronizados, uma união de elementos e se baseia em improvisos. Entretanto, a todo instante está mudando”, esclarece o professor, lembrando que a “street” é a única que mistura várias estilos em um só, por isso depende muito da criatividade de quem dança.
Quanto a aceitação do público, o professor lembra ainda que, no começo, ele sofria muito preconceito, pelo fato da street ser uma dança de rua, mas que hoje em dia isso não existe tanto, está acabando. “Somos diamantes lapidados pelo preconceito através do talento”, arremata o professor.
            Vinda da rua, a raiz da street dance tem se fortalecido cada vez mais. Hoje é muito comum ela se aderir a causas sociais e ong´s que atuam em bairros pobres brasileiros, como as que tiram meninos das ruas , mostrando a eles um caminho ainda não visto. Dessa forma, para muitos, ela é uma dança que faz bem.
       “A street dance  me trouxe milhares de benefícios, se eu não estivesse no mundo da dança poderia estar fazendo várias coisas erradas ou ruins”, salienta Walker Menezes Fonseca Vieira, 18 anos, estudante e street dancer.
Para Jadson de Oliveira Ribeiro, 19 anos, também street dancer, “a dança lhe  trouxe amigos, parceiros, muitas alegrias e prazer. “Eu vejo a dança como um trabalho agradável em equipe”, explica.
Já o professor Luciano vai além. Diz que ensinar a street dance, ocupa sua mente, com coisas boas. “Ela me leva a outros mundos, é universal. Onde tem musica tem alma, tem sentimento e faz bem a saúde”, conclui.

Das ruas às escolas

Várias escolas de dança no Brasi já aderiram à street dance como uma dança essencial nas academias. Para muitos a dança se comercializou, porém trouxe benefícios não só pra quem dança mas para quem ensina também. Hoje, existem campeonatos do gênero espalhados por todo Brasil, com patrocínios e incentivos de empresários. Existem até premiações em dinheiro, isso só tem a fortalecer a street  e a tendência é essa modalidade crescer.
“Nasci na rua e com a dança aprendi a ser um cidadão.
A periferia é um gás para dança, pois começa nela depois expande. Quem tem mais dinheiro, ajuda ela crescer”, opina Gleison Silva dos Reis, conhecido como Jay, 35, rapper.
No Brasil, acredita-se que existem cerca de quarenta grupos profissionais; um deles é o Balé de Rua Uberlândia – MG que já foi dirigido pelo professor  de dança e coreógrafo   Ilídio César Silva, da escola  Passos de dança. Para Ele, cada estilo de dança tem características próprias, mas com elementos em comum. “Dentro de cada estilo existem especificidades próprias, a grande diferença é como você vai desenhar seu corpo no espaço” ensina Ilídio, ponderando que acredita que exista um intercâmbio entre as danças do street dance ao balé clássico.
A street dance tem se popularizado no Brasil, um exemplo disso é o trabalho do Centro Educacional e de Convivência (CEC) “Francisco Coriolano de Souza”, de São Caetano do Sul, grande São Paulo que promove aula aberta de dança de rua para os idosos. Para Paulo Rosa, presidente do CEC, “a intenção é que o idoso se mantenha ativo e inserido na sociedade.
Na Fesp existe a Unabem -  Universidade Aberta para a Maturidade que também promove aulas de danças para idosos. Apesar de não ser aulas de street dance, também é um passo grande na socialização no idoso.
Segundo o professor de dança, Alex Sanders José Andrade, 27,  “para dançar não tem que ter faixa etária para praticar a dança. Ela é para todos,  e traz muitos benefícios para a vida dos idosos. Sobretudo se pensarmos que a dança é uma linguagem de todos em qualquer idade.
            Conforme Ilídio Silva, “nós já nascemos dançando, uma vez que qualquer bebezinho balança o corpo, sacode os bracinhos e as mãos, se a gente coloca uma música ou um certo ritmo perto dele. “Isso nos mostra então, que a dança é pra qualquer pessoa, de qualquer idade, aliás todo mundo pode e deve dançar” aconselha o professor.
A popularização da street tem sido crescente. Hoje em dia até em aniversário é muito comum contratar street dancers para animar a festa. Em Curitiba, Paraná, pode-se contratar professores desse estilo de dança  por telefone ou através de e- mail. São dançarinos que atuam em academias e que têm bastante experiência nesse estilo. Durante a festa, eles ensinam também a dançar e montam coreografias na hora para os convidados menos experientes. 
  
Rodrigo Castanho
Fotos: Matheus aluno de publidade / Fesp 
Matéria que saiu no jornal Folha da Manhã de Passos MG 1/11/2009 e também no site:


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